26 fevereiro 2010

DOUTOR AS PUTAS ESTÃO DO OUTRO LADO

Conta-se que um dia, um médico recém-formado, foi trabalhar para uma cidade de garimpeiros perdida nos confins da selva sul-americana. Quando lá chegou, reparou que na cidade só viviam homens. Uns dias depois, quando já tinha alguma familiaridade com os habitantes da cidade, perguntou a um dos seus pacientes o que é que os homens da cidade faziam quando necessitavam de sexo.
- Vamos ao rio – respondeu laconicamente o paciente –, e o doutor quando quiser, não se acanhe, avise-me que eu o levarei.
- Ah, não, obrigado, só perguntei por curiosidade – apressou-se a dizer o médico.
O garimpeiro, conhecedor das fraquezas da carne, ao despedir-se lá foi dizendo: - Doutor, quando precisar avise-me.
As semanas foram passando e o médico cada vez mais sentia a falta de uma mulher até que ganhou coragem e falou ao garimpeiro.
- Claro doutor. Amanhã passo por cá e levo-o.
No dia seguinte o pesquisador passou pelo consultório do médico e, juntos, saíram da cidade e subiram um morro. Quando chegaram ao cimo viram uma longa fila de homens que se estendia até ao rio lá em baixo onde aguardava uma burra. Então, falando em voz alta para que todos os da fila o ouvissem, disse:
- Camaradas, aqui o doutor tem prioridade.
Todos os homens, reverentemente, deram a vez ao médico e este lá foi caminhando até chegar junto do rio e da burra. Lá chegado, olhou para a burra e para a fila de homens e, um pouco constrangido, lá foi baixando as calças que se para os outros servia, para si também serviria.
Enquanto o pobre homem se desunhava na burra ouve-se uma voz no meio da fila:
- Oh doutor, veja lá se não cansa a burra porque a gente precisa da bicha para passar o rio que as putas estão do outro lado.
Lembrei-me desta deliciosa história quando hoje li que na semana passada, dois jovens moçambicanos foram apanhados por Mário Creva a manterem relações sexuais com uma cabra. «Um dos jovens estava nu e segurava a cabeça, enquanto que o outro fazia sexo com o animal», disse a testemunha relatando o “flagrante delito”. O dono meteu o caso em tribunal e exige que os violadores sejam obrigados a casar com a cabra além de terem de pagar os danos causados ao animal.
Os jovens, cuja identidade não é revelada pela notícia, serão presentes a tribunal ainda durante este mês. Se conhecessem a história exemplar do médico da cidade do garimpo, sempre a podiam contar ao doutor juiz. Na hora de decidir talvez o causídico a tomasse como atenuante.

21 fevereiro 2010

O SERMÃO DAS 3 VERDADES

Quando, na última Quinta-feira à hora do Benfica, vi o primeiro-ministro na televisão proferir o sermão das três verdades, confesso que, tendo-o visto, não o ouvi. Olhava e via o José Sócrates numa posição nada consentânea com a dignidade das funções que desempenha, na televisão também, mas a tentar explicar as incongruências do seu manhoso percurso académico e recordava as irregularidades mal explicadas do aterro da Cova da Beira e as casinhas da Guarda que ele diz serem dele e os donos desmentem e as monstruosidades que se cometeram em todo o processo de lançamento e aprovação do Freeport e voltei a ver o homem na televisão, com ar de celerado, vociferar que tudo não passava de uma campanha negra – Não me calarão!, dizia - e as indignidades do caso TVI e a rede de pessoas, a que outros chamaram polvo, que sem qualquer preparação, sem carácter e sem honra, apenas movidos por uma doentia ambição, se move ao redor de todos estes casos...
Lembrei-me de tudo isto e veio-me à memória o canto do poeta:

[...]
que eu voo por toda a parte mas noutro horizonte
e vivo as coisas simples e rio-me da ambição
e ao fim de tanto ver, escolherei um monte
de onde assistirei, sorrindo, ao vosso enfarte

[...]

11 fevereiro 2010

UMA HISTÓRIA DAS ARÁBIAS

Na minha aldeia, em tempos que já lá vão, costumávamos, em presença de certos e determinados espécimes do género feminino, proferir uma determinada máxima que rezava mais ou menos assim: “A mulher de bigode ninguém a…”, ah, já entendi, afinal não era só na minha aldeia que costumávamos dizer isto, vejo agora que todos nós, afinal, conhecíamos o aforismo. Hoje, por razões óbvias, por cá, este adágio caiu – vai caindo, melhor dizendo – no esquecimento. Ainda bem. É sinal que as mulheres estão mais bonitas e as Gillettes mais democratizadas.
Lembrei-me hoje das mulheres de bigode quando entrevi a aflição do árabe que após ter contraído matrimónio e ter obtido licença para levantar o véu, descobriu que a mulher, além de ser vesga, coisa de somenos, ainda tinha a cara coberta por espessa barba. Imagino o beduíno a levantar o niqab e a deparar-se com aquela paisagem medonha e, conhecendo ele o adágio português, antecipar um futuro difícil e de muita luta para concretização das suas obrigações matrimoniais.
O noivo, ao que dizem os despachos das agências de notícias, será um diplomata dos Emirados Árabes Unidos e a noiva, médica de formação, ter-lhe-á sido oferecida pela mãe que terá sonegado alguma informação que, viu-se depois, era de capital importância. O despeitado, depois do susto, não perdeu tempo: apelou para um tribunal islâmico do Dubai para que, não só lhe fosse concedido o divórcio mas também fosse ressarcido das chorudas quantias gastas em presentes para a futura esposa, acusando ainda a mãe desta de o ter enganado com fotografias da sua outra filha, por certo escanhoada e sem olhos tortos.
O tribunal, outra decisão não seria de esperar de um tribunal daquelas paragens, deu razão ao queixoso. Embora não lhe tenha restituído a pipa de dirhams que gastou a galantear a beldade, anulou-lhe o casamento. Se dúvidas ainda houvesse, cá está mais uma prova da injusta lei da sharia: o plenipotenciário, ao invés de lhe ser concedido o divórcio, deveria ter sido obrigado a conviver até ao fim dos seus dias com aquela face máscula, uma pena justa para todos aqueles que obrigam as mulheres a tapar-se da cabeça aos pés com aqueles espartilhos medievais.