30 novembro 2006
O DESCOBRIDOR
Pelos vistos desde pequeno que tem uma fixação:
lançar-se à descoberta.
Só nos resta desejar que os ventos estejam de feição.
Descobridor
Um pai gosta de se rever no filho,
não nos defeitos, mas naquilo que,
dentro de uma óptica de adulto, é
considerado qualidade ou virtude. É verdade
que os defeitos, quando em miniaturas,
podem ter graça. O mau génio
dum rapazito “promete”, não
raro, um forte carácter
macho para quando ele for um
homem, e isso tranquiliza
e tem graça. Mas é inegável
que as virtudes brilham e
lisonjeiam mais.
Quando o meu querido
fedelho me anunciou,
arvorando como podia a
solenidade de que os seus
dez anos eram capazes, que
queria ir para descobridor,
eu senti-me surpreso
e, logo, vaidoso. Até que enfim
que aparecia alguém, nas quatro
últimas gerações da família
Soares Picoto, que se propunha
descobrir, que forcejava
por se dedicar à descoberta de
algo.
– Mas descobrir o quê?
perguntei ao Alvarito.
– Novas terras!, disse o pequeno.
Expliquei-lhe que a grandeza
dos portugueses como
navegadores e descobridores
era um facto incontroverso, mas que
hoje estava tudo descoberto.
O Alvarito ficou pensativo,
Depois, olhou para mim
e disse, meio desencantado:
- Então posso ser engenheiro…
Alexandre O’Neill
21 novembro 2006
A 10 DIAS DO 1.º DE DEZEMBRO
Há uma dúzia de anos a Assembleia-geral da ONU instituiu o dia 21 de Novembro como Dia Mundial da Televisão. Os estados membros foram convidados a comemorar o dia e instados a promoverem, a nível mundial, a troca de programas sobre temas como a paz, a segurança e o desenvolvimento económico e social, reforçando, deste modo, o intercâmbio cultural.
Doze anos volvidos e podemos “contemplar” em toda a sua extensão o fiasco das intenções da ONU.
Hoje, 21 de Novembro, comemora-se o dia Mundial da Televisão. Se a ONU tivesse adiado a comemoração por mais dez dias, tomaria um aparelho, subiria ao 1.º andar e jogá-lo-ia pela janela. Comemoraria, desse modo, a Restauração da Independência.
Como assim não é o meu protesto vai deixar a televisão muda durante todo este dia!
Doze anos volvidos e podemos “contemplar” em toda a sua extensão o fiasco das intenções da ONU.
Hoje, 21 de Novembro, comemora-se o dia Mundial da Televisão. Se a ONU tivesse adiado a comemoração por mais dez dias, tomaria um aparelho, subiria ao 1.º andar e jogá-lo-ia pela janela. Comemoraria, desse modo, a Restauração da Independência.
Como assim não é o meu protesto vai deixar a televisão muda durante todo este dia!
19 novembro 2006
HUMOR NEGRO
Há dois dias a imprensa noticiou as conclusões de um estudo conduzido por investigadores americanos que conseguiram provar – vá lá saber-se como – que participar regularmente na missa aumenta a longevidade.
O estudo foi desenvolvido à roda das fartas mesas de Pitsburg, o que, em termos científicos, é pobre e pode até considerar-se, em certos casos, contraproducente: fosse feito no Lesoto, no Botswana ou na Suazilândia e concluiriam que para alguns nem a missa lhes vale.
PS: esperança de vida, dados de 2005: LESOTO, 34,47 anos; BOTSWANA, 33,87 anos; SUAZILÂNDIA, 33,22 anos...
O estudo foi desenvolvido à roda das fartas mesas de Pitsburg, o que, em termos científicos, é pobre e pode até considerar-se, em certos casos, contraproducente: fosse feito no Lesoto, no Botswana ou na Suazilândia e concluiriam que para alguns nem a missa lhes vale.
PS: esperança de vida, dados de 2005: LESOTO, 34,47 anos; BOTSWANA, 33,87 anos; SUAZILÂNDIA, 33,22 anos...
17 novembro 2006
"EFEITO ATATURK" EM CAMPO MAIOR
O amigo João Moutinho perguntava-me, com alguma ironia, diga-se: Então não há mais Ataturk’s. Dei-lhe uma resposta de acordo com a pergunta mas, pensando melhor, talvez possa dizer-se mais alguma coisa sobre o assunto. Não propriamente sobre o jovem turco, mas sobre uma outra ridicularia, essa bem mais próxima de nós: os grandes portugueses.
A RTP está neste momento a cumprir a “nobre” tarefa de seleccionar os 10 mais famosos portugueses de onde sairá o maior cá do burgo. Confesso que não assisti a nenhum dos programas – penso que teria sido mais do que um – onde se tratou desse tema mas imagino também que não terei perdido grande coisa. O formato não é novo, nem é nosso, foi importado. Noutros países, também aqui mais “adiantados” que nós, já apuraram os dez mais, estando por isso em condições de, a qualquer momento, fazerem soar as trombetas. Por cá dizem-me que para Janeiro – de 5007, espero. Dei uma olhadela à página do programa e verifiquei que os organizadores não terão levado em linha de conta o efeito Ataturk. Se o tivessem feito estaria entre o Manoel de Oliveira, cineasta e o Manuel dos Santos, toureiro, o empresário – ou direi antes o filantropo – Manuel Rui Azinhais Nabeiro. Se os empregados, os amigos da pesca, os afilhados, os amigos da caça, os compadres, os amigos da sueca e pelo menos sete oitavos de Campo Maior se dispuseram a telefonar para votar no benfeitor, o Manuel Rui será eleito ao arrepio de todas as perscrutações, tão só porque a RTP, na sua soberba, não se dignou beber dos ensinamentos deste blog, desconhecendo, por isso, o que, em situações como esta, o efeito Ataturk pode fazer.
Bom, acontecerá o mesmo que noutros países, por exemplo nos Estados Unidos da América. Sabem por acaso quem é a 6.ª personalidade mais importante da história desse grande país? Nem mais: George W. Bush.
A RTP está neste momento a cumprir a “nobre” tarefa de seleccionar os 10 mais famosos portugueses de onde sairá o maior cá do burgo. Confesso que não assisti a nenhum dos programas – penso que teria sido mais do que um – onde se tratou desse tema mas imagino também que não terei perdido grande coisa. O formato não é novo, nem é nosso, foi importado. Noutros países, também aqui mais “adiantados” que nós, já apuraram os dez mais, estando por isso em condições de, a qualquer momento, fazerem soar as trombetas. Por cá dizem-me que para Janeiro – de 5007, espero. Dei uma olhadela à página do programa e verifiquei que os organizadores não terão levado em linha de conta o efeito Ataturk. Se o tivessem feito estaria entre o Manoel de Oliveira, cineasta e o Manuel dos Santos, toureiro, o empresário – ou direi antes o filantropo – Manuel Rui Azinhais Nabeiro. Se os empregados, os amigos da pesca, os afilhados, os amigos da caça, os compadres, os amigos da sueca e pelo menos sete oitavos de Campo Maior se dispuseram a telefonar para votar no benfeitor, o Manuel Rui será eleito ao arrepio de todas as perscrutações, tão só porque a RTP, na sua soberba, não se dignou beber dos ensinamentos deste blog, desconhecendo, por isso, o que, em situações como esta, o efeito Ataturk pode fazer.
Bom, acontecerá o mesmo que noutros países, por exemplo nos Estados Unidos da América. Sabem por acaso quem é a 6.ª personalidade mais importante da história desse grande país? Nem mais: George W. Bush.
13 novembro 2006
DESAFIO DAS MANIAS
Fui arrebanhado para participar neste desafio e não tive qualquer possibilidade de fuga.
O desafio consta do seguinte:
Cada bloguista participante tem de enunciar cinco manias suas, hábitos muito pessoais que os diferenciem do comum dos mortais. E além de dar ao público conhecimento dessas particularidades, tem de escolher cinco outros bloguistas para entrarem, igualmente, no jogo, não se esquecendo de deixar nos respectivos blogs aviso do "recrutamento". Ademais, cada participante deve reproduzir este "regulamento" no seu blog.
As minhas manias:
1- Mania de ser optimista;
2- Mania de chegar a horas;
3- Mania de cultivar a "má-língua";
4- Mania que tenho poucas manias;
5- Mania que tenho sempre razão.
Os meus convidados:
- Blog da Mikas
- Fantasias
- Escola Revisitada
- Histórias e Sabores
- Lusíadas
PS: confesso que tenho bastantes dúvidas acerca daquela última mania mas fui coagido a escrevê-la.
O desafio consta do seguinte:
Cada bloguista participante tem de enunciar cinco manias suas, hábitos muito pessoais que os diferenciem do comum dos mortais. E além de dar ao público conhecimento dessas particularidades, tem de escolher cinco outros bloguistas para entrarem, igualmente, no jogo, não se esquecendo de deixar nos respectivos blogs aviso do "recrutamento". Ademais, cada participante deve reproduzir este "regulamento" no seu blog.
As minhas manias:
1- Mania de ser optimista;
2- Mania de chegar a horas;
3- Mania de cultivar a "má-língua";
4- Mania que tenho poucas manias;
5- Mania que tenho sempre razão.
Os meus convidados:
- Blog da Mikas
- Fantasias
- Escola Revisitada
- Histórias e Sabores
- Lusíadas
PS: confesso que tenho bastantes dúvidas acerca daquela última mania mas fui coagido a escrevê-la.
INÉS ALLENDE
Para trás ficou Cuzco, coroada pela fortaleza sagrada […], sob um céu azul. Ao sair da cidade, mesmo debaixo dos olhos do governador, do seu séquito, do bispo e da […] cidade que se despedia de nós, Pedro chamou-me para o seu lado com uma voz clara e destemida.
- Junte-se a mim doña Inês Suárez! – exclamou, e quando passei à frente dos seus soldados e oficiais, colocando o meu cavalo ao lado do seu, acrescentou em voz baixa: - Vamos para o Chile, Inês da minha alma…
Isabel Allende, Inês da Minha Alma
O mais recente livro de Isabel Allende, Inês da minha alma, relata a prodigiosa aventura da conquista do Chile.
Naqueles tempos, já não havia lugar para as mais nobres façanhas naquela Europa, corrupta, envelhecida, dilacerada por conspirações políticas […]. O futuro estava do outro lado do Atlântico.
É neste mundo novo que Pedro de Valdivia, contra tudo o que seria de esperar, se lança à conquista do Chile, mesmo sabendo que se conseguisse sobreviver ao deserto do Atacama, o lugar mais inóspito da Terra, dificilmente escaparia aos aguerridos índios Mapuche. Mas Pedro estava convencido que o Chile era o local ideal, bem longe dos cortesãos da Ciudad de los Reyes, para fundar uma sociedade justa baseada no trabalho árduo e na lavoura da terra, sem a riqueza fácil das minas e o recurso à escravatura. De modo que se lança à aventura.
A História nunca foi pródiga no tratamento dado às mulheres e, no séc. XVI, isso era ainda mais evidente, de modo Pedro de Valdivia “arcaria” com todos os louros de tal façanha.
Isabel Allende descobriu que uma mulher, Inês Suárez, nascida numa obscura localidade Andaluza teria tido um papel importantíssimo nessa epopeia. Investigou em todos os locais possíveis e legou-nos a extraordinária história dessa mulher.
Conhecendo a obra da autora, e em especial Paula, não podemos deixar de reparar nas imensas afinidades existentes entre as duas mulheres de modo que por vezes somos levados a pensar que a narradora é, afinal, Inês Allende ou, eventualmente, Isabel Suárez.
- Junte-se a mim doña Inês Suárez! – exclamou, e quando passei à frente dos seus soldados e oficiais, colocando o meu cavalo ao lado do seu, acrescentou em voz baixa: - Vamos para o Chile, Inês da minha alma…
Isabel Allende, Inês da Minha Alma
O mais recente livro de Isabel Allende, Inês da minha alma, relata a prodigiosa aventura da conquista do Chile.
Naqueles tempos, já não havia lugar para as mais nobres façanhas naquela Europa, corrupta, envelhecida, dilacerada por conspirações políticas […]. O futuro estava do outro lado do Atlântico.
É neste mundo novo que Pedro de Valdivia, contra tudo o que seria de esperar, se lança à conquista do Chile, mesmo sabendo que se conseguisse sobreviver ao deserto do Atacama, o lugar mais inóspito da Terra, dificilmente escaparia aos aguerridos índios Mapuche. Mas Pedro estava convencido que o Chile era o local ideal, bem longe dos cortesãos da Ciudad de los Reyes, para fundar uma sociedade justa baseada no trabalho árduo e na lavoura da terra, sem a riqueza fácil das minas e o recurso à escravatura. De modo que se lança à aventura.
A História nunca foi pródiga no tratamento dado às mulheres e, no séc. XVI, isso era ainda mais evidente, de modo Pedro de Valdivia “arcaria” com todos os louros de tal façanha.
Isabel Allende descobriu que uma mulher, Inês Suárez, nascida numa obscura localidade Andaluza teria tido um papel importantíssimo nessa epopeia. Investigou em todos os locais possíveis e legou-nos a extraordinária história dessa mulher.
Conhecendo a obra da autora, e em especial Paula, não podemos deixar de reparar nas imensas afinidades existentes entre as duas mulheres de modo que por vezes somos levados a pensar que a narradora é, afinal, Inês Allende ou, eventualmente, Isabel Suárez.
12 novembro 2006
VLADIMIR PALAHNUIK, 1919, JACK PALANCE, 2006
Jack Palance, nascido a 18 de Fevereiro de 1919 em Lattimer, no estado da Pensilvânia, no seio de uma modesta família de emigrantes ucranianos, morreu na sexta-feira aos 87 anos de idade, na sua casa de Montecito, na Califórnia, ao que dizem, de causas naturais.
Jack Palance, nascido Vladimir Palahnuik, antes de iniciar a carreira de actor, foi pugilista – Jack Brazzo – e militar.
Os duros vão desaparecendo. Hollywood começa a ser tomada por frouxos.
Jack Palance, nascido Vladimir Palahnuik, antes de iniciar a carreira de actor, foi pugilista – Jack Brazzo – e militar.
Os duros vão desaparecendo. Hollywood começa a ser tomada por frouxos.
09 novembro 2006
UM PAI NATAL PARA DON HUGUITO
Hugo Chavez só ouviu falar de Portugal porque em tempos alguém lhe sugeriu que uma fotografia que o mostrava a conversar com um sujeito bem parecido numa qualquer sala de espera de um aeroporto, poderia, eventualmente, servir para mostrar ao mundo que era um líder que se dava com gente de bem. Mas este arremedo de estadista não sabe o que se passa por cá, caso contrário saberia que, tal como não se pode decretar o fim de uma crise, também não se pode proibir por decreto a visita do Pai Natal. E foi isto, pasme-se, o que ele fez: mandou publicar um decreto que proíbe o uso de imagens ou bonecos do Pai Natal, pinheiros enfeitados e, até, botas e meias vermelhas, em todos os edifícios públicos venezuelanos.
E eu a pensar que já nada mais me surpreenderia…
Socorro-me do trabalho poético de um seu colega dos antípodas para dedicar um bom Natal a Don Huguito, com o desejo que o Pai Natal lhe traga um IPod para ouvir os discursos do ianque e o Trópico de Câncer do Henry Miller para aplacar a ira sempre que esta se manifeste. Só peço ao Pai Natal que não lhe traga nada daquilo que ele lhe pediu.
PAI NATAL
Pai Natal, vem, por favor!
Traz zincos prás escolas,
Traz giz, traz quadros,
Cadernos, lápis e livros!
Traz carteiras e armários,
E professores e alegria!
Pai Natal, vem, por favor!
Traz a chuva e verdura,
E frutas, milho e arroz
Nos campos dos nossos pais!
Harmonia entre adultos,
P’ra nós a certeza da paz.
Xanana Gusmão
E eu a pensar que já nada mais me surpreenderia…
Socorro-me do trabalho poético de um seu colega dos antípodas para dedicar um bom Natal a Don Huguito, com o desejo que o Pai Natal lhe traga um IPod para ouvir os discursos do ianque e o Trópico de Câncer do Henry Miller para aplacar a ira sempre que esta se manifeste. Só peço ao Pai Natal que não lhe traga nada daquilo que ele lhe pediu.
PAI NATAL
Pai Natal, vem, por favor!
Traz zincos prás escolas,
Traz giz, traz quadros,
Cadernos, lápis e livros!
Traz carteiras e armários,
E professores e alegria!
Pai Natal, vem, por favor!
Traz a chuva e verdura,
E frutas, milho e arroz
Nos campos dos nossos pais!
Harmonia entre adultos,
P’ra nós a certeza da paz.
Xanana Gusmão
07 novembro 2006
O EFEITO ATATÜRK
Dealbar de novo milénio.
Numa altura de temor e pânico, exacerbado não sei por quem e consubstanciado no Bug do ano 2000, uma revista estrangeira, da qual não me ocorre o nome, mas com posição na praça e difusão mundial, lembrou-se, no encerramento de um milénio, eleger a personalidade que nos últimos mil anos mais se tenha destacado: “O Homem do Milénio”.
Na era da aldeia global – o Bug foi, afinal, um fiasco – o modo de votação não poderia ser outro: pela Internet.
A votação lá começou e, uns tempos depois, quando a organização se apercebeu da personalidade que iria sair vencedora tratou de, sub-repticiamente, anular a eleição: Atatürk, literalmente, o pai dos Turcos, estava prestes a tornar-se o homem do milénio.
Ninguém duvida da importância que Mustafa Kemal (1881-1938) o Atatürk, tem para a moderna Turquia da qual foi o grande impulsionador mas, daí até ser a personalidade mundial mais importante dos últimos mil anos, digamos que seria necessária muita força de vontade para se aceitar.
Mas então como é que tudo aconteceu? Muito fácil. A revista, que, como já se disse, tinha – e tem, penso – difusão mundial, também chega à Turquia. Ora, algum Otomano se lembrou de encorajar os seus concidadãos a votarem no “Pai” e eles não se fizeram rogados. E, assim, uma iniciativa que no resto do mundo tinha despertado pouco interesse tornou-se, na Turquia, quase numa questão de honra nacional. Setenta milhões de Turcos correram, então, para o computador. O final da história adivinha-se.
Tudo isto, a propósito da ridícula ideia de escolher as Novas Sete Maravilhas do Mundo.
No dia sete de Julho do ano que vem – ainda pensei que o sete era o do George Best, mas afinal não – o mundo ficará a conhecer as novas maravilhas num espectáculo que será transmitido pela televisão para todo o mundo a partir do Estádio da Luz em Lisboa. E pronto, a partir desse dia o romantismo aliado às sete maravilhas desaparecerá. Mas, escolham o que escolherem, nunca conseguirão destronar o Colosso de Rodes, nem os Jardins Suspensos da Babilónia, nem o Farol de Alexandria, nem a Estátua de Zeus, nem o Templo Ártemis, nem o Mausoléu de Halicarnasso. Muito menos as Pirâmides de Gisé.
Os promotores desta ridicularia, liderados pelo suiço Bernard Weber, à qual um antigo director geral da UNESCO emprestou o nome, estão a cair no mesmo erro que há seis anos destruiu a luminosa ideia da revista americana. Ao não terem em conta o “efeito Atatürk” as novas Sete Maravilhas do Mundo serão tudo menos maravilhas ou, sendo-o, não serão, com toda a certeza, do mundo.
A votação já começou e, soube um dia destes, que já começaram também as “jogadas de bastidores”. Os Indianos, alarmados pelo fraco lugar ocupado pelo Taj Mahal, começaram a acorrer em força à votação e já o posicionaram num lugar elegível. Espera-se a resposta dos chineses.
S. Marino, Lichtenstein, Andorra e Belize não têm qualquer hipótese.
Numa altura de temor e pânico, exacerbado não sei por quem e consubstanciado no Bug do ano 2000, uma revista estrangeira, da qual não me ocorre o nome, mas com posição na praça e difusão mundial, lembrou-se, no encerramento de um milénio, eleger a personalidade que nos últimos mil anos mais se tenha destacado: “O Homem do Milénio”.
Na era da aldeia global – o Bug foi, afinal, um fiasco – o modo de votação não poderia ser outro: pela Internet.
A votação lá começou e, uns tempos depois, quando a organização se apercebeu da personalidade que iria sair vencedora tratou de, sub-repticiamente, anular a eleição: Atatürk, literalmente, o pai dos Turcos, estava prestes a tornar-se o homem do milénio.
Ninguém duvida da importância que Mustafa Kemal (1881-1938) o Atatürk, tem para a moderna Turquia da qual foi o grande impulsionador mas, daí até ser a personalidade mundial mais importante dos últimos mil anos, digamos que seria necessária muita força de vontade para se aceitar.
Mas então como é que tudo aconteceu? Muito fácil. A revista, que, como já se disse, tinha – e tem, penso – difusão mundial, também chega à Turquia. Ora, algum Otomano se lembrou de encorajar os seus concidadãos a votarem no “Pai” e eles não se fizeram rogados. E, assim, uma iniciativa que no resto do mundo tinha despertado pouco interesse tornou-se, na Turquia, quase numa questão de honra nacional. Setenta milhões de Turcos correram, então, para o computador. O final da história adivinha-se.
Tudo isto, a propósito da ridícula ideia de escolher as Novas Sete Maravilhas do Mundo.
No dia sete de Julho do ano que vem – ainda pensei que o sete era o do George Best, mas afinal não – o mundo ficará a conhecer as novas maravilhas num espectáculo que será transmitido pela televisão para todo o mundo a partir do Estádio da Luz em Lisboa. E pronto, a partir desse dia o romantismo aliado às sete maravilhas desaparecerá. Mas, escolham o que escolherem, nunca conseguirão destronar o Colosso de Rodes, nem os Jardins Suspensos da Babilónia, nem o Farol de Alexandria, nem a Estátua de Zeus, nem o Templo Ártemis, nem o Mausoléu de Halicarnasso. Muito menos as Pirâmides de Gisé.
Os promotores desta ridicularia, liderados pelo suiço Bernard Weber, à qual um antigo director geral da UNESCO emprestou o nome, estão a cair no mesmo erro que há seis anos destruiu a luminosa ideia da revista americana. Ao não terem em conta o “efeito Atatürk” as novas Sete Maravilhas do Mundo serão tudo menos maravilhas ou, sendo-o, não serão, com toda a certeza, do mundo.
A votação já começou e, soube um dia destes, que já começaram também as “jogadas de bastidores”. Os Indianos, alarmados pelo fraco lugar ocupado pelo Taj Mahal, começaram a acorrer em força à votação e já o posicionaram num lugar elegível. Espera-se a resposta dos chineses.
S. Marino, Lichtenstein, Andorra e Belize não têm qualquer hipótese.
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