03 fevereiro 2007

A IDADE DAS TREVAS

- Pai […], – que dizem os livros acerca de nós, camponeses?
- Dizem que somos animais, brutos, e que não somos capazes de entender o que é a cortesia. Dizem que somos horríveis, vis e abomináveis, desavergonhados e ignorantes. Dizem que somos cruéis e toscos, que não merecemos nenhuma honra porque não sabemos apreciá-la, e que só somos capazes de entender as coisas à força. Dizem que…

A Catedral do Mar é um romance sobre a ignorância, o medo, o ódio e a intolerância. É um romance sobre a prepotência do feudalismo, a demência da inquisição, a ambição desmedida e o fanatismo religioso. Ponç apresentou a caução que o corregedor lhe solicitara, e este entregou-lhe Joana. Construiu na sua horta um cubículo de dois metros e meio por um metro vinte, fez um buraco para que a mulher pudesse fazer as suas necessidades, abriu aquele janelinha para que Joanet, nascido nove meses após a sentença e nunca reconhecido por Ponç, se deixasse acariciar na cabeça, e emparedou para toda a vida a sua jovem esposa. A Catedral do Mar é um romance sobre as trevas.
Se fosse só sobre isto já seria muito mas A Catedral do Mar, o belo livro de Ildefonso Falcones, é também uma obra sobre o amor, o arrependimento, a honra, a luz e a vitória do bem sobre o mal.
A acção desenrola-se no principado da Catalunha durante o séc. XIV e tem início na quinta de Bernat Estanyol, no dia do seu casamento.
- Estanyol! – gritou Llorenç de Bellera, pondo-se de pé com Francesca agarrada pelo pulso. – Usando do direito que como teu senhor me assiste, decidi deitar-me com a tua mulher na primeira noite.
É este episódio que irá precipitar a prodigiosa aventura de Bernat Estanyol e seu filho Arnau, desde Navarcles, terras do cruel cavaleiro Llorenç de Bellera, até Barcelona, em busca da paz e da liberdade.
Paralelamente ao desenrolar da história assiste-se à construção da bela Catedral de Santa Maria del Mar, uma catedral construída, realmente, pelo povo. Arnau terá um papel importante nesta obra prodigiosa. Começando por carregar pesados blocos de rocha desde as pedreiras reais de Montjuic, chegaria a um verdadeiro mecenas da catedral, acorrendo em seu auxílio sempre que os exauridos cofres da confraria não permitiam a continuação do trabalho.
Não deixa de ser revoltante que a inquisição tenha perseguido tal personagem.

6 comentários:

Citadino Kane disse...

Carlos,
Primeiramente, um bom final de semana.
Com relação ao livro, traz à tona um momento de obscura razão, o abominável em nome de "Deus"... Irei procurá-lo pelas bandas de cá.
Abraços,
Pedro

Isadora Lis disse...

Carlos,
"A Catedral do Mar" deve ser um livro maravilhoso. Vou procurá-lo para ler.

Bjs,
Isadora.

Anónimo disse...

O que achei mais interessante foi a forma inteligente que usou para nos captar a atenção sobre o livro que apetece ir comprar a correr e ler de rajada.
Obrigada pelos seus simpáticos parabéns no meu blog.
Bjs
TD

Mikas disse...

Fiquei com vontade de ler a obra.

Anónimo disse...

"A Catedral do Mar", romance histórico que nunca mais vou esquecer. Livro intrigante, apaixonado e muito violento. Ildefonso Falcones, faz um relato fiel da época feudal.
Envolveu-me de tal maneira, que o li em menos de vinte e quatro horas.
Adorei!!! Fico à espera de mais sugestões...
Bjinhos
Rosinha

Unknown disse...

OI
sou tradutora da Catedral do Mar no Brasil e preciso saber quem traduziu em Portugal. Já que vc tem o livro, poderia me enviar o nome do/a tradutor/a?
É que preciso fazer uma consulta e no site da Bertrand (pra variar), não há referência à pobre pessoa que passou 6 meses trabalhando nisto...
Grata
Cristina Cavalcanti
jicamita@gmail.com