[…]
- Não consegue melhor do que acreditar nas histórias dos inimigos de um homem?
Robert Alexander, A Filha de Rasputine
Grigori Rasputine é, e sempre o será, uma personagem dúbia da história Russa. Introduzido na corte do último czar, Nicolau II – … na verdade não faço ideia de como Rasputine foi apresentado à antiga família imperial –, este homem disporá de um poder imenso na condução dos destinos da nação Russa.
Desde novo este “monge louco” e analfabeto, originário dos confins da Sibéria, mostrou possuir sobrenaturais dotes de cura: “o cavalo com a perna aleijada – a primeira criatura que ele tinha curada –, [a velhota], em tempos dobrada com a artrite e agora a andar direita […], o rapaz atropelado pela carruagem, agora a viver feliz e com boa saúde. E também Madame Virubova, que sobreviveu ao acidente ferroviário quando os médicos já a davam como perdida. O Papá tinha curado centenas, se não milhares.
Os que têm o dom da cura, dizia [a minha própria mãe], sempre existiram ao longo da nossa vasta nação, homens e mulheres que conseguiram colocar a natureza sob o seu controlo. […] Tal como Cristo, eram pessoas especiais que podiam fazer os cegos verem e os estropiados andarem. Foi só recentemente que os pensamentos modernos – pensamentos modernos ocidentais, acrescentava a minha mãe com grande desdém – rasgaram o tecido das nossas antigas crenças russas, lançando dúvidas e perguntas por todo o lado.
Segundo ele, os seus poderes provinham das grandes quantidades de peixe que consumia. “O peixe é parte de um caminho, um caminho iluminado pelos apóstolos, que nos mostraram que comendo peixe os seus corpos nunca enegreciam. […] os apóstolos comiam tanto peixe, de manhã, à tarde e à noite, que a luz começou a sair dos seus corpos”. “O papá gostava mais de bacalhau[1] do que qualquer outro peixe e comíamo-lo não uma vez, não duas, mas em todos e em cada um dos dias”.
O livro de Robert Alexander retrata a alucinante última semana da vida de Rasputine contada pela sua filha mais velha, Maria, falecida em 1977 com 78 anos, na Califórnia, depois de passar fora do seu país os últimos 58 anos de vida.
[1] Estará aqui a explicação para a nossa estóica paciência para aturar todos os desgraçados que nos atormentam: o anafado consumo de bacalhau. Estará, com certeza, a deixar-nos a todos com uma aura de santidade. Se olharmos com atenção veremos o halo de luz em torno das nossas cabeças.
3 comentários:
Antes de mais, deixei um comentário naquele do Mário...
Ó diabo, tenho que voltar a ler o texto deste post, que vinha tão alvoroçado que nem o li na vertical, da esquerda para a direita e de cima para baixo, como deve ser, aliás.
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JÁ VOLTO
António
Carlos Ponte
Sempre lhe digo que fiquei muito confuso com a síntese que fez deste livro.
Pois eu sabia da grande fama que Rasputine ganhou na Rússia, cuja acabou por transvasar para o ocidente.
Essa do bacalhau deixou-me pensativo. Já comi tanto bacalhau ao longo da minha vida que não compreendo a razão do meu nítido desnorte no caminho rumo à santidade e consequentes poderes sobrenaturais.
Tenho que indagar melhor o que se passa comigo.
Um grande abraço
António
Abraços meu amigo.
Pedro
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