Ontem, a propósito da publicação dos rankings das escolas, ouvi duas declarações que, não fora a responsabilidade de quem as produziu, ter-me-ia rido a bandeiras despregadas.
A primeira foi feita pelo Director do colégio colocado em primeiro lugar, ou num dos primeiros lugares, do Ranking. Procurando uma declaração do Director que lhe ilustrasse a notícia, o jornalista começou por lembrar os ouvintes que se tratava de um colégio privado, logo não ao alcance da esmagadora maioria da população. “Não - refutou o director -, nós nunca rejeitamos ninguém, se tivermos vaga aceitamos todos os que nos procuram.” Depois de ouvir esta pérola não pude deixar de pensar que o dito colégio tem muita sorte em tê-lo como director, se o tivesse como aluno, com toda a certeza, não estaria tão bem classificado.
A segunda declaração do dia foi produzida pela Ministra da Educação quando lhe pediram, tão só, um comentário acerca da discrepância entre os resultados das escolas públicas e das escolas privadas. O depoimento foi o maior arrazoado que eu já ouvi sobre o tema: “… hum, os resultados da escola pública decorrem do facto de ser uma escola aberta onde todos estão onde as crianças que têm mais dificuldade estão a ser apoiadas e as crianças que aprendem bem também estão portanto é uma escola onde não há selecção de alunos, todos são convidados a estar na escola e a aprender ao seu ritmo com o esforço para que todos aprendam bem o melhor possível mas sabendo nós que os seres humanos são diferentes e que as condições de apoio devem ter em consideração a diversidade dos seres humanos.” A senhora ministra, que até é escritora, sabe, com certeza, o elevado valor das palavras, para poderem ser usadas assim à tripa-forra. Reconheço, humildemente, que não conheço a sua obra - a Enid Blyton chegou primeiro e tive de me haver com ela - mas não duvido que gasta apenas as palavras que são necessárias. Então por que é que, de há uns tempos para cá, teima em dizer coisas que ninguém entende e outras que nos fazem rir? A senhora, até porque é ministra da educação, deveria ter usado um registo mais pedagógico e ter chamado à atenção do jornalista dizendo-lhe somente: “Esses dados não são comparáveis!” O senhor entenderia, poupava, e muito, nas palavras e informava de um modo que todos compreendiam. Assim…
1 comentário:
O que lhe sobra em simpatia parece faltar-lhe em oratória; mas a coitada não estava com cabeça para comentar minudências! No dia anterior a senhora, em Conselho de Ministros, tinha aprovado aquela coisa execrável chamada “Orçamento”. Só no ME ratificou: a extinção do GAVE, do GEPE e do Observatório das Políticas Locais de Educação, a supressão da Área de Projecto dos Planos Curriculares e a obrigatoriedade dos professores bibliotecários leccionarem uma turma. Nós ainda não sabíamos, mas hoje já sabemos…
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