15 março 2011

SERENIDADE

No meio da desolação causada pelo desastre, um japonês de cabelo grisalho, com o telefone emprestado pelo jornalista português, avisa, finalmente, o filho na América, que perdeu tudo mas salvou a vida: «Tive muita sorte», dizia. Depois da chamada, em conversa com o português, confessava que o único conforto que lhe restava ainda, era a lua radiosa e as estrelas a brilhar no escuro da noite.
Um dia, se fosse, também, atingido por uma desgraça, gostava de ter esta serenidade e este desprendimento para dizer o mesmo.
Do alto da poltrona onde me encontro, olhando aterrado o horror e a destruição, lembro-me de John Kennedy: «Eu sou um Japonês!»

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