O mundo me condena
E ninguém tem pena
Falando sempre mal do meu nome
Deixando de saber
Se eu vou morrer de sede
Ou se vou morrer de fome.
Mas a filosofia
Hoje me auxilia
A viver indiferente assim.
Nesta prontidão sem fim
Vou fingindo que sou rico
Para ninguém zombar de mim.
[…]
“Filosofia”, Noel Rosa, 1933
Depois de ter perdido as eleições e se ter despedido dos correligionários com um enternecedor «adoro-vos», Sócrates confidenciou aos mais chegados que era sua intenção tirar um ano para se dedicar ao estudo da Filosofia em Paris. Desconheço se tomou já o seu lugar nos bancos da escola, não sei até se as aulas serão presenciais ou à distância – à distância de um faxe ou de um e-mail, se o homem, que tem fama de analfabeto cibernético, já se conseguir desenrascar -, um método tão do seu agrado, mas a fazer fé nas palavras do amigo Mário Soares, esse velho sapo que em tempos o apelidou de «o pior do Guterrismo», o homem vai mesmo para o Quartier Latin. Numa entrevista a Clara Ferreira Alves, na Única, depois de dizer que Sócrates «é belicoso», «Não tem tacto político para ouvir as pessoas sem responder logo» e que «não foi muito claro nem transparente», remata afirmando que «Não é um socialista como eu. Ele foi para a Sorbonne estudar para perceber isso. É bom que vá estudar». E que fique por lá se o quiserem, acrescentaria eu.
Para o convencer a não regressar a este antro de invejosos que não querem saber sequer se vai morrer de sede ou se vai morrer de fome, envio-lhe um extracto do poema “Filosofia” de Noel Rosa que Chico Buarque de Hollanda incluiu no seu álbum "Sinal Fechado" de 1974.
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