04 agosto 2012

GRITA-LHE NOMES FEIOS


Quando vejo um político na televisão tentando, desavergonhadamente, justificar o injustificável dá-me cá uma vontade de lhe agarrar pelos colarinhos… Em vez de se atenuar, esta minha sanha destruidora tem vindo, desde há uns anos a esta parte, a crescer. À falta de melhor, mal começam, ufanos, tentando enganar-me, desato a responder com obscenidades a cada uma das suas mentiras. É a minha maneira de libertar a tensão que começa a criar-se mal a criatura abre a boca. Confesso que começava a ficar preocupado com este crescendo de fúria, mas, finalmente, a ciência vem em meu auxílio. Três investigadores da Universidade de Keele, na Grã-Bretanha, Richard Stephens, John Atkins e Andrew Kingston, após aturados – e penso que apurados – estudos científicos, concluíram que gritar obscenidades liberta a tensão e alivia a dor. «O que pensamos – diz Stephens, professor de Psicologia, e coordenador da equipa – é que quando injuriamos produzimos uma reação emocional que estimula o nosso sistema nervoso, fazendo com que o coração acelere e a adrenalina corra.» Com esta importante descoberta os investigadores venceram o prémio Ig Nobel e foram recompensados com a fabulosa quantia de dez biliões – assim mesmo biliões dos nossos ou triliões se preferirem os americanos – de dólares… do Zimbabué.
Sei há muito tempo que chamar cabrão e filho da puta e mandar o intrujão para a puta que o pariu, alivia – oh, se alivia – a tensão que se começa a acumular em nós quando ouvimos as primeiras mentiras. Sei isso há muito mais tempo do que os sábios de Keele, não tive é oportunidade de concorrer: tivesse e quem ia a Harvard receber os dez biliões seria eu.

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