31 dezembro 2010

costa norte


BOM ANO

Os conhecimentos empíricos, apurados por gerações de bebedores, já há muito que tinham concluído que o Champanhe é para beber frio. Agora a ciência vem validar o que o palato já tinha por adquirido. Uma equipa de académicos da Universidade de Reims concluiu que a temperatura ideal para se servir o Champanhe é de 4º C, pois, a esta temperatura, as moléculas de Dióxido de Carbono presentes na bebida têm mais dificuldade em desprender-se do líquido do que teriam se a temperatura fosse superior. Ora, sabendo-se que o CO2 ajuda a transferir o sabor, o aroma e a sensação da bebida para a boca do degustador, vemos quão importante é conseguir-se manter aprisionado no líquido a maior quantidade possível desse gás. Mas a equipa de cientistas não se ficou por aqui. No seu estudo, publicado no Journal of Agricultural and Food Chemistry, os académicos discorrem, ainda, sobre o modo ideal para se verter o líquido para a taça concluindo que esta deve estar ligeiramente inclinada para que a bebida escorra pela sua parede ao invés de a colocar na vertical e verter o líquido directamente no fundo. As razões prendem-se, também, com o CO2. Se a taça estiver na vertical a turbulência causada pelo líquido ao bater no fundo vai acelerar a libertação do Dióxido de Carbono mas se se inclinar ligeiramente deixando que o líquido escorra pela parede evitar-se-á parte desse problema e as perdas serão reduzidas a metade.
Logo, na hora de servir o Champanhe, lembre-se: incline a taça e encha-a. Beba uma pelo ano que acaba e outra pelo que começa. Eu acompanhá-lo-ei.
BOM ANO!

28 dezembro 2010

PALÁCIO DO POVO

Decididamente já nada nos consegue arrancar desta letargia que vai tomando conta da gente. Feitos tolos, acreditando em milagres, ainda acalentamos a esperança que os frente-a-frente dos candidatos à presidência trouxessem alguma animação às hostes mas logo desde o primeiro se viu ao que vinham e as esperanças ruíram logo ali. É que nem uma mísera ideia original se ouve da boca daquele pessoal e as únicas ideias estapafúrdias que até podiam dar para alegrar não o logram fazer porque sendo estapafúrdias não são originais. No frente-a-frente de ontem, que não tive pachorra para ver, a dado momento o candidato Nobre, aquele da parábola da galinha e do menino, puxa da manga aquilo que seria o seu trunfo: se for eleito abrirei o palácio de Belém ao povo! Cá está uma ideia nada original. Diria mesmo, uma ideia requentada. O grande estadista Hugo Chavez já há muito que a pôs em prática lá em casa. E mais, além de abrir as portas do palácio de Miraflores ao povo ainda chamou duas dúzias de famílias para lá viverem com ele. Ainda gostava de ver o presidente Nobre a fazer o mesmo. Já estou a imaginar quem iria ocupar a sala dos Embaixadores, ou a sala Dourada ou mesmo a sala Império… enfim, o presidente Nobre iria ficar aconchegadinho.

26 dezembro 2010

SE AO MENOS CANTASSE...

Ontem, ao assistir à habitual homilia de Natal do primeiro-ministro – assistir é uma força de expressão que eu não consigo ouvir mais do que as primeiras frases do homem sem me irritar –, lembrei-me dos ratos que cantam. A história, contava-a o JN de quarta-feira, relata o achado de uma equipa de investigadores da universidade de Osaka que, ao que parece inadvertidamente, criou uma série de ratos que, em vez de emitirem aquela chiadeira própria da sua condição, desataram a emitir sonoros chilreios de fazer corar de inveja as mais pintadas das aves canoras. E foi aqui que me lembrei dos ratos cantores: se os cientistas japoneses pudessem fazer alguma coisa à voz incomodativa daquele personagem. Não digo pô-lo a cantar mas, pelo menos, afinar-lhe as cordas vocais - e, já agora, o discurso - de modo a ser menos tormentoso ouvi-lo. E o tratamento podia ainda trazer-lhe outros benefícios: o estudo permitiu apurar que os roedores, além de ficarem com melhor voz, também modificaram algumas das suas características físicas como a cauda que ficou mais fina. Se pensarmos no apêndice nasal do homem fácil será ver os benefícios que daí podia tirar.

25 dezembro 2010

QUE CHOVA E QUE NEVE! É NATAL.




CHOVE. É DIA DE NATAL

Chove. É dia de Natal.
Lá para o Norte é melhor:
Há a neve que faz mal.
E o frio que ainda é pior.

E toda a gente é contente
Porque é dia de o ficar.
Chove no Natal presente.
Antes isso que nevar.

Pois apesar de ser esse
O Natal da convenção,
Quando o corpo me arrefece
Tenho o frio e Natal não.

Deixo sentir a quem quadra
E o Natal a quem o fez,
Pois se escrevo ainda outra quadra
Fico gelado dos pés.

FERNANDO PESSOA, 25/12/1930