Vinte e cinco anos. Visto de longe, de muito longe, vinte e cinco anos
não será sequer a oscilação de um décimo do comprimento do núcleo de um átomo
que o sábio previu, vai para cem anos, e os cientistas detetaram há dias. À
nossa escala seria a duração de um suspiro.
Visto de perto, de muito perto, vinte e cinco anos serão mais de
trezentas gerações da mais bela borboleta do mundo que os conquistadores
espanhóis descobriram no novo mundo e a que chamaram espejitos não acreditando, talvez, que o reflexo das suas asas fosse,
afinal, uma soberba transparência. À nossa escala andaríamos ainda pelo
crescente fértil a afinar sementes e a gravar os sonhos em barro fresco.
Observados agora à nossa altura, vinte e cinco anos é, mais ano menos
ano, uma geração. É o prazo que a natureza nos concede para que acautelemos, se
não a perpetuação da espécie, pelo menos a sua continuação. Agora, passados que
são vinte e cinco anos sobre aquele dia em que a escola, cheirando ainda a
tinta fresca, abriu as portas aos primeiros locatários, vemos entrar a segunda
geração. Alguns dos que agora chegam carregam os sonhos daqueles que os
precederam: disso estamos certos. Mas, sendo a escola feita da força e da
fraqueza dos homens, outros chegarão carregando angústias e frustrações.
Faremos tudo, porque esse é o nosso dever, para que estes que agora iniciam a
jornada consigam chegar ainda mais longe do que aqueles que os precederam;
faremos tudo, porque esse é o nosso dever, por lhes acalentar os sonhos e aquietar
os temores: a escola terá cumprido o seu papel e cada um de nós poderá, então,
retirar-se com a certeza do dever cumprido.
Olhando para trás, sopesando sucessos e reveses, concluiremos, sem falsas modéstias, que tem valido a pena, estes têm sido bem mais magros do que aqueles e, por tudo isso, hoje dizemos prata. Oxalá, daqui a vinte e cinco anos, outros digam ouro.
carlos
ponte, março.2016
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