Primo Levi, Se isto é um homem
A fazer fé nas notícias que me chegaram, Paulo Portas foi passar o 1.º de Maio à Madeira. Dito deste modo, até parece que o homem foi em lazer, mas não, a visita teve como objectivo apoiar o CDS da ilha na campanha eleitoral para as legislativas antecipadas. Não sei se arengando às massa, ou instado por algum jornalista, Paulo Portas – Paulinho dos mercados, para os mais chegados –, lá foi dizendo, presume-se que naquele seu jeitinho populista, sobre o dia que se comemorava: “para nós, CDS/PP, trata-se de um festejo que acarinhamos”. Até aqui tudo bem. Embora dito desta forma soe, como diria o outro, esquisito, todos nós, por qualquer razão, acarinhamos o Primeiro de Maio. Mas Portas continuou: “Nós acreditamos no valor do trabalho”. Sim, de acordo, também nós! “Nós acreditamos que o trabalho liberta”.
Nós, que nos lembramos, ainda, o que aconteceu a todos aqueles a quem um dia foi dito que “o trabalho liberta”, não gostamos de ouvir, naquelas circunstâncias, repetidas essas palavras por um político da nossa praça.
Nós, que nos lembramos, ainda, o que aconteceu a todos aqueles a quem um dia foi dito que “o trabalho liberta”, não gostamos de ouvir, naquelas circunstâncias, repetidas essas palavras por um político da nossa praça.
Paulo Portas, a par de muitos defeitos – que os terá, naturalmente –, é uma pessoa inteligente. Sabe a conotação daquelas palavras e, se o quisesse, teria encontrado outras que dissessem o mesmo. Mas não o fez. Porquê? Terá sido porque quaisquer outras que arranjasse nunca teriam a mesma força? Ou porque só com aquelas conseguia expressar o seu pensamento, em toda a sua plenitude?
5 comentários:
passei por aqui para desejar um bom fim de semana!
Quero acreditar que tenha sido apenas um descuido.
Um abraço.
Apenas para desejar um bom domingo.
beijão grande
Que o Paulo Portas é um tipo inteligente, isso é inquestionável… mas brinda-nos, frequentemente, com verdadeiros episódios de parvoíce!!! Sempre que tal acontece percebe-se que ele tem propósitos muito claros de capitalização política. Por isso…só ele sabe os desígnios do discurso, mas estou tentada a admitir na tua insinuação…
Beijos
Helena Guerreiro
Essa do "Trabalho Liberta" não se pode associar a nenhum representante de qualquer partido que aceite a Democracia.
Eu que eu vivi em Israel. E ver alguma associação com aquilo é demasiado mau.
João Moutinho
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