No início do presente ano lectivo, na minha escola, uma escola dos 2.º e 3.º Ciclos, inquiriram todos os alunos acerca do que pensavam ser os factores que mais condicionavam o seu sucesso. Esperar-se-ia que "à cabeça" viessem factores como a dificuldade dos conteúdos ministrados, o desinteresse pelas matérias, o desinteresse pela escola, ou, eventualmente, o interesse por actividades que a escola não lhes poderia, ou saberia, dar. Puro e redondo engano. Uma parte considerável dos alunos, elegeu factores como indisciplina na sala de aula, falta de atenção e/ou concentração, desinteresse e falta de hábitos de estudo. Apenas 9% das cerca de sete centenas de alunos da escola, elegeu para principal factor de insucesso a dificuldade dos conteúdos ministrados. A minha escola será uma amostra significativa das escolas deste país, querendo eu com isto dizer que as respostas dos alunos de outras escolas, a esta pergunta, não seriam substancialmente diferentes. Assim sendo, será que quando se definem as políticas de ensino, esse passo é dado depois de uma análise profunda de todos estes dados ou, como por vezes parece, todas as decisões são, perdoe-se-me o lugar comum, tomadas em cima do joelho? Não estarão, por acaso, a tomar a nuvem por Juno? Será que na ânsia de mostrar resultados se estão a trilhar caminhos que deveriam ser evitados? Penso que sim! Enquanto que o governo, qualquer que ele seja, se esquecer dos professores, são os alunos que perdem, são as famílias que perdem, é o país que perde. Não tenhamos ilusões, chamar malandros aos professores, por estas ou semelhantes palavras, é hipotecar o futuro do país. Estas coisas, para quem ainda não percebeu, funcionam do seguinte modo: o governante diz, a televisão amplifica, a família interpreta e o professor terá de gastar energia e tempo precioso para explicar à criança (e não é certo que o consiga - note-se que neste momento o aluno não ouve o professor mas sim o destinatário de todos os impropérios que o pai lhe endereçou ao jantar, na noite anterior), que o senhor governante não queria dizer bem o que a televisão disse e o pai interpretou.
Enquanto todos não nos pusermos de acordo sobre estas questões, o nosso sistema de ensino continuará a marcar passo, de pouco lhe valendo a implementação de medidas avulsas e desgarradas da realidade, que entretanto se possam ir tomando.
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