Para trás ficou Cuzco, coroada pela fortaleza sagrada […], sob um céu azul. Ao sair da cidade, mesmo debaixo dos olhos do governador, do seu séquito, do bispo e da […] cidade que se despedia de nós, Pedro chamou-me para o seu lado com uma voz clara e destemida.
- Junte-se a mim doña Inês Suárez! – exclamou, e quando passei à frente dos seus soldados e oficiais, colocando o meu cavalo ao lado do seu, acrescentou em voz baixa: - Vamos para o Chile, Inês da minha alma…
Isabel Allende, Inês da Minha Alma
O mais recente livro de Isabel Allende, Inês da minha alma, relata a prodigiosa aventura da conquista do Chile.
Naqueles tempos, já não havia lugar para as mais nobres façanhas naquela Europa, corrupta, envelhecida, dilacerada por conspirações políticas […]. O futuro estava do outro lado do Atlântico.
É neste mundo novo que Pedro de Valdivia, contra tudo o que seria de esperar, se lança à conquista do Chile, mesmo sabendo que se conseguisse sobreviver ao deserto do Atacama, o lugar mais inóspito da Terra, dificilmente escaparia aos aguerridos índios Mapuche. Mas Pedro estava convencido que o Chile era o local ideal, bem longe dos cortesãos da Ciudad de los Reyes, para fundar uma sociedade justa baseada no trabalho árduo e na lavoura da terra, sem a riqueza fácil das minas e o recurso à escravatura. De modo que se lança à aventura.
A História nunca foi pródiga no tratamento dado às mulheres e, no séc. XVI, isso era ainda mais evidente, de modo Pedro de Valdivia “arcaria” com todos os louros de tal façanha.
Isabel Allende descobriu que uma mulher, Inês Suárez, nascida numa obscura localidade Andaluza teria tido um papel importantíssimo nessa epopeia. Investigou em todos os locais possíveis e legou-nos a extraordinária história dessa mulher.
Conhecendo a obra da autora, e em especial Paula, não podemos deixar de reparar nas imensas afinidades existentes entre as duas mulheres de modo que por vezes somos levados a pensar que a narradora é, afinal, Inês Allende ou, eventualmente, Isabel Suárez.
2 comentários:
é sempre mto interessante ler relatos sobre mulheres de tempos já idos, pois há um buraco negro na história no que respeita ao feminino. A percentagem de mulheres de quem se fala não chega a um infinitesimal da quantidade de homens que se celebram. Pode ser que com o tempo mude, mas infelizmente já não estarei cá para as louvar.!!!
Bjs
TD
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