Gabriel Garcia Marquez, "Cem Anos de Solidão"
De vez em quando, os nossos jovens, aqueles que ainda se sentam nos bancos das escola secundárias mas que hão-de, um dia, governar-nos, decidem “meter o dia”. Não é que não tenham o direito! Outros antes deles o fizeram e hoje são doutores – ou engenheiros, já não sei – e ocupam cargos importantes, mas quando se lhes pergunta a razão do protesto, as respostas são, invariavelmente, de uma pobreza confrangedora. Anteontem, pelos vistos, foi dia de luta dos estudantes do básico e do secundário do Distrito de Viana do Castelo. Não dei por nada. Soube-o apenas porque me chegou às mãos um papelinho amarelo onde os imberbes tinham alinhado uma série de palavras de ordem com que contariam levar o governo a borrar-se de medo.
Imagino a azáfama da rapaziada. O núcleo duro, aquele que de megafone em riste, vociferando as palavras de ordem, comandará a romaria, chega cedo. Munido de corrente e cadeado comprados na véspera, dirigem-se ao portão da escola e prendem-no. Ficam para ali a aquecer-se como podem que as madrugadas ainda estão frias e, quando o Sol já vai alto, e os manifestantes estão em número que se veja, partem para a baixa da cidade. Vão para a Praça da República que é onde se sentem bem, mas, de caminho, berrarão ao Governador Civil.
- Ai Não Exames Não!
- E quem não salta é do Governo!
…
- A Luta Continua!
- Governo escuta! Estudantes estão em luta!
Desgraçadamente, ainda nem sequer saíram da escola e já o pessoal está desmobilizado.
- Por que veio à manifestação?
- Eu vim porque todos vieram!
Invariavelmente, nos seus protestos, os alunos do secundário clamam por educação sexual e querem ver banidos os exames e as aulas de substituição. Não saímos desta pobreza franciscana.
Embora comecem a escassear, ainda há professores que, enquanto alunos, travaram verdadeiras batalhas e as venceram. Não seria altura de os nossos jovens pedirem a sua ajuda e aprenderem com eles?
2 comentários:
Apanhei o 25 de Abril no 1º ano do Curso Geral dos Liceus, actual 7º ano. Os anos seguintes foram de luta política muito acesa e radical. A militância era muita, os conflitos constantes, mas a maioria era capaz de organizar as ideias, expressá-las e defender coerentemente um ideal político.
No secundário tive Introdução à Política onde se discutia e aprendia política à séria.
Já vai longo o comentário.
Um abraço.
Chegou mais um sítio para cuscar.
http://pedagoges.blogspot.com/
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