Na sua crónica da última página do JN de ontem, como habitualmente, Manuel António Pina, obsequiou-nos com uma história das arábias – um dia este homem há-de ser lembrado como o Cronista do Entroncamento. A história que nos contou leu-a no Washington Post. Rezava mais ou menos assim: No último fim-de-semana, realizou-se em Nova Iorque uma reunião de hackers – a notícia não o diz, ou, pelo menos, o cronista não o refere, mas imagino a Microsoft como sendo o principal patrocinador deste evento. Bill Gates precisa de dormir com o inimigo. A reunião terá sido aberta ao público, pelo menos a algum, porque a certa altura, um dos elementos pediu a uma pessoa da assistência o nome e o endereço de e-mail. Quatro horas mais tarde o especialista apresentou ao incrédulo assistente 500 páginas de dados a seu respeito que tinha surripiado sabe-se lá a quem ou onde, torneando firewalls, contornando antivírus, circundando anti-spyware, ladeando anti-sniffers, enfim... Dessas páginas constavam informações como: lugares onde vivera, automóveis que conduzira, nomes, moradas e fotos de familiares e amigos, o cadastro do irmão, e, pasme-se, o incrédulo assistente foi ainda informado que, desde 1983, outra pessoa andava a usar o seu número da Segurança Social.
Em tempos deixei aqui um post a que dei o nome de PANOPTICON VIRTUAL. Verifico que cada vez mais, as palavras do Viajante Gabriel ganham actualidade: “As pessoas querem acreditar que há uma ilha tropical ou uma gruta nas montanhas onde se podem esconder, mas hoje em dia isso já não é verdade. Quer gostemos, quer não, estamos todos ligados.”
Sem comentários:
Enviar um comentário