03 dezembro 2008

E AINDA LHE PAGAM?

Há dois temas sobre os quais todo o português que se preze tem sempre opinião. Definitiva opinião, diga-se. É sobre futebol e sobre o tempo (ando fodido dos ossos!.. Humm, o tempo vai mudar). Há depois outros temas, que podemos considerar sazonais, que ocupam, por prazos mais ou menos longos, consoante o ruído do assunto, as conversas dos indígenas. Actualmente falamos de educação.
Mas, como em tudo na vida, também aqui a quantidade é inimiga da qualidade e mesmo aqueles de quem se esperaria, pelo menos, uma opinião inteligente, produzem arrazoados que em nada elevam o baixo nível em que caiu a discussão. Na sua última crónica para o Jornal de Notícias, Manuel Serrão, escreve sobre educação (e que mais podia ser?). Logo de início vai avisando os leitores que para escrever esta crónica dá-me muito jeito perceber pouco do fundo da questão. Vai falando depois das guerras entre sindicalistas e governo e colegas cronistas do jornal e, mais à frente, contando que a alguém possa ter passado despercebido o primeiro aviso, reitera que gostava de repetir que, até por falta de informação (a que se somará porventura alguma falta de formação na área), pouco sei dos verdadeiros problemas em cena na greve dos professores. Diz mais qualquer coisa sobre a entidade patronal da classe docente e conclui: imaginemos em tese académica que os professores estão cheios de razão. […] Imaginemos que por um estranho acaso, todos os professores estão de acordo com a greve e os outros termos da luta contra o Governo. […] Mesmo assim, não me parece que o Governo tenha de ceder.
- Manuel Serrão, teve muita sorte o seu paizinho não o ter mandado para professor: se produzisse esta bela argumentação numa turma do oitavo ano, pela certa os alunos crucificavam-no – não, crucificar não. Não que não o merecesse, mas seria difícil arranjar um madeiro à sua medida. Mas umas boas dúzias de ovos ganhava, isso posso garantir-lhe.
E agora só entre nós senhor Serrão: o senhor escreve estas bostas e o JN ainda lhe paga por cima?

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