
Não me recordo se consegui assistir à totalidade da reportagem, mas lembro-me de na altura ter pensado em Miguel Torga quando visitou Rio de Onor. Dizia ele: “Ao cabo de oito dias de permanência num mundo destes, com sua língua própria, seus costumes e suas leis, nada escrevi sobre ele, nem sinto que venha a escrever grande coisa. Qualquer jornalista apressado, sem as sete horas de caminho que eu fiz sobre um macho para aqui chegar, faria melhor do que eu. Instalado num hotel de Bragança, com três informações e duas anedotas teria assunto para uma reportagem sensacional.”
Pois é, enquanto que os nossos repórteres não conseguirem deslocar-se sobre um macho continuarão a fazer reportagens incolores, inodoras, insípidas e, as mais das vezes, imbecis.
1 comentário:
Concordo plenamente consigo.
Não haja dúvidas que, muitas vezes, nos são contadas histórias que vão muito para além da realidade, seja na guerra ou quando há um acidente (lembram-se da tragédia da ponte de Castelo de Paiva?) sempre à procura de mostrar o desespero das pessoas não respeitando a sua privacidade.
Há, por vezes, falta de bom senso.
Um abraço
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